domingo, 10 de julho de 2011

Capítulo 3 - A chegada!

O voo Aracaju - São Paulo durou cerca de 3 horas. Em São Paulo esperei cerca de 4 horas para pegar o avião da Air Canada. Fiz o check-in, tinha uma mala de 22 quilos e uma mochila nas costas de 5 quilos. Deu tudo certo, me informei no site da companhia canadense para saber o que era permitido na bagagem de mão, assim não tive problemas para embarcar. O voo São Paulo - Toronto durou cerca de 11 horas. Foi um pouco cansativo mas deu pra dormir. Desembarquei em Toronto no dia 23 de fevereiro de 2008, as 9:20 do horário local. A temperatura era de -9°. Passei na imigração rapidinho. Eles me perguntaram qual a minha intenção no país, e eu disse que queria estudar inglês. Apresentei a carta da escola, dizendo que eu estava matriculada e o endereço da minha homestay. A imigração carimbou meu passaporte e me liberou. Peguei minhas malas e ao sair do aeroporto tinha uma pessoa segurando um papel com meu nome escrito nele,  me esperando pra me levar para a minha homestay. Antes de sair do Brasil, a agência de viagem me aconselhou a pagar por este serviço, já que de táxi ficaria caro. Achei bem válido, ele me deixou na porta da minha homestay. 

Fui bem recebida quando cheguei. Meu host father estava na porta da casa, ele me cumprimentou com um aperto de mão e me mostrou onde ficava meu quarto. Conheci minha host mother e a filha do casal de 3 aninhos. A casa era linda! Tinha lareira, com um aspecto rústico e bem aconchegante. Meu quarto ficava no basement (porão). Muitas casas no Canadá têm basement, e diferente do significado em português, o porão é mais um compartimento da casa. No porão não tem coisas velhas, no porão tem quarto, sala, cozinha, banheiro. No basement em que fiquei tinha quarto, banheiro, e sala de estar. Tudo era muito bem organizado, e limpo. Tomei um banho e depois arrumei minhas roupas no pequeno guarda-roupa que havia no meu quarto. Quando eles perceberam que eu já havia arrumado minhas coisas, o host father me chamou para a sala no andar de cima, sentou comigo e me falou sobre as regras da casa. Lembro que ele falava bem devagar e alto, ele pensava que eu não sabia falar inglês. Ele citou que eu não deveria passar mais de 10 minutos no banheiro, que eu não podia receber ninguém lá no basement, falou sobre os horários das refeições, que se eu faltasse as refeições eles guardariam minha comida na geladeira. Falou também que assim que eu acabasse de comer, eu teria de lavar o que eu sujei, e que eu poderia usar o telefone, desde que eu comprasse um cartão pra fazer a ligação. No Canadá existem vários cartões que são usados para ligações internacionais, o mais famoso é o Amigo Latino. Bom, depois de tantas regras, ele me deu uma lista por escrito, com tudo que ele havia me dito. E eu simplesmente sorri e disse que eu havia entendido tudo. Em seguida, perguntei sobre o ônibus que deveria pegar para ir a escola, qual a distância da casa para o ponto de ônibus e outros detalhes. Ele olhou para mim, surpreso, e perguntou em inglês é claro: Is this your first time abroad? (É sua primeira vez no exterior?) e eu respondi que era. Ele perguntou como eu tinha aquele nível de inglês avançado sem nunca ter viajado. Eu disse que com a internet o mundo era uma grande aldeia global, e que eu assistia a muitos seriados e me comunicava com muitas pessoas do mundo todo na internet. Contei pra ele que apesar de ter o inglês avançado, queria com aquela viagem aperfeiçoar minha fala, audição e conhecer a cultura. Eu queria viver dentro daquele universo de língua inglesa, me sentir segura ao me comunicar. 

Como cheguei lá num sábado, passei o resto do dia em casa, descansando. A casa era aquecida, mas fazia um friozinho no basement. Jantei com eles a noite, algo não muito bom por sinal para o meu paladar, e depois liguei pra minha mãe para contar como estava tudo e sobre a minha host family. Achei as regras um pouco rígidas, mas o que eu podia fazer? 

No segundo dia, estava um lindo dia. Queria muito ver o centro da cidade. Tentei me proteger do frio, mas não tinha a roupa apropriada. Esperei no ponto de ônibus por cerca de 10 minutos e meus pés começaram a ficar bem duros, devido ao frio. A temperatura estava -12°. Peguei o ônibus e não tinha moedas. Lembro que li na internet que pra andar de ônibus você tem que ter a quantia exata, já que os motoristas não passam troco. Você simplesmente coloca o dinheiro, na época 2,75 dólares canadenses, numa caixa de vidro que fica do lado do motorista. Eles geralmente não contam o dinheiro, eles acreditam na boa fé das pessoas. Eu entrei no ônibus e perguntei ao motorista se eu podia pagar com uma nota de 10 dólares (eu sabia que ele diria não, mas não tinha moedas) e ele sorriu e me disse em inglês pra eu guardar meu dinheiro, que dessa vez eu iria de graça. :) Cheguei no metrô e minha host mother me disse que teria de comprar um cartão chamado Metropass. Ele custava $99,75 na época, e eu poderia usá-lo para andar no metrô, ônibus, street cars e era ilimitado durante um mês. Como era a última semana de fevereiro, tive de comprar o metropass semanal ($31) e no início de março eu poderia comprar o cartão mensal. Ao comprar o cartão, não entendi o preço do cartão, fiquei super nervosa, derrubei dinheiro no chão e quando olhei pra trás, tinha uma fila enorme de pessoas esperando pra passar na catraca e entrar no metrô. Fiquei ainda mais nervosa, e o simpático senhor da cabine, pediu licença, pegou da minha mão 50 dólares, descontou o dinheiro do metropass e me deu o cartão. Ele ainda saiu da cabine, me ensinou a usar o cartão e me desejou boa sorte. Fiquei impressionada com a educação e carisma dos canadenses. 

Fui para uma estação chamada Dundas e ao subir me deparei com o Eaton Center e Dundas Square. Pronto, meu sonho havia se tornado realidade! Andei bastante, mesmo no frio, mas eu queria ver tudo. Depois de visitar pontos famosos de Toronto e tirar várias fotos, eu retornei para minha homestay, agradecendo a Deus. 



                         Aeroporto Internacional de Toronto
                                        Welcome to Canada


    Brazucas que estavam no carro que me levou para a homestay
                                Primeiras imagens da cidade


                                            Neve!!!!
                                             Homestay
                                        Basement da casa


                                      Prefeitura lá atrás
                       
                                              Eaton Center


                                                   
                                           Antiga prefeitura
                                             Rua da homestay

domingo, 12 de junho de 2011

Capítulo 2 - A viagem rumo a Toronto - Canadá

Depois de tantas despedidas, vamos arrumar as malas! O que devo levar? O que vou precisar vestir num frio de -10°? Essa foi uma das partes mais difíceis. Para uma sergipana que não sabe o que é um casaco de frio, ficou complicado arrumar as malas. Mas com a ajuda da mamãe, e de uns amigos consegui. Comprei meias fio 80 (bem grossa pra usar por baixo da calça jeans), botas, casacos e até pedi pra uma tia de São Paulo comprar um casaco de couro pra mim. Tudo pronto? Não, os documentos são bem importantes! Arrumei tudo e coloquei na minha bolsa para que ficasse bem acessível. 

A hora mais difícil chega, a hora de dizer adeus a família. Choradeira, tremedeira, medo e euforia, tudo junto. Não dá tempo de desistir, mas eu nem queria. Vou em busca do meu sonho, vou por aí, nesse mundão de Deus! 

                      Imagem de Aracaju, tirada do avião da Tam
                            Check-in em São Paulo
                            Avião da Air Canada


Capítulo 1 - O início do sonho

Olá, caros leitores! Decidi contar um pouquinho da minha história através desse blog. Sempre tive o sonho de viajar e aperfeiçoar meu inglês. Esse sonho começou a tomar formato em agosto de 2007 quando depois de 6 meses ensinando na garagem da minha casa consegui juntar uma grana legal. Pensei em ir para os EUA a princípio, mas como não conhecia ninguém que vivia lá, pensei que fosse melhor procurar ajuda de alguém que já havia viajado para um país de língua inglesa antes. Entrei em contato com um conhecido da minha família, que morou no Canadá 2 anos e meio, Fábio. Ele havia recém chegado de lá e gentilmente me deu todas as dicas necessárias para que eu começasse o processo para o intercâmbio. Quando me dei conta, já estava ligando para a agência, já estava vendo orçamento, já me pegava vendo fotos do Canadá na internet. Tudo aquilo era bom demais para ser verdade. Eu tinha 19 anos na época, minha mãe a princípio achava que eu ia esquecer de tudo aquilo e que eu acabaria ficando no Brasil mesmo. Mas, teimosa como sou, quando coloco algo na cabeça é bem difícil tirar.

Entre tantos papéis que são exigidos para a obtenção do visto, quase me perdi. Muito burocrático, porém, necessário. A imigração quer ter certeza de que você é uma pessoa de bem, que não vai causar problema para o país tão organizado deles. Pra quem pensa em viajar em breve, fique ligado no site da imigração de qualquer que seja o país que você pretende visitar. Lá tem a lista de documentos necessários. Tive que mandar vários documentos, no meu caso, como eu tinha só 19 anos, meu pai foi meu custeador. Inicialmente, tirei o passaporte, qualquer cidadão tem direito a um passaporte, o carimbo do visto é o que importa para entrar nos países que exigem visto. Eu sempre comparo com a carteira de trabalho, todo mundo tem direito a tirar uma carteira de trabalho, mas se você não tem uma empresa que assine para você, você não tem nada. Bom, tirei o passaporte em Aracaju mesmo, e depois disso comecei a reunir os papéis do visto. Meu pai teve de comprovar renda, então ele apresentou os 3 últimos contra-cheques dele, 3 últimos meses da movimentação bancária, imposto de renda. Eu provei que eu tinha raízes no Brasil. Eles não concedem visto a uma pessoa que não tem vínculos no Brasil. Claro que se for só um visto de turismo, todo o processo é mais fácil, porque seu intuito é só visitar. Mas, eu queria passar no mínimo 6 meses e com o dinheiro que eu estava gastando eu realmente precisava passar no mínimo 6 meses pra valer a pena. Apresentei meu comprovante de matrícula da Universidade Federal de Sergipe, onde curso Letras - Inglês, e uma carta do meu emprego na época num cursinho de inglês, onde eles afirmavam que eu trabalhava lá e que eu queria viajar para aperfeiçoar meu inglês, o que era verdade. 




Enviei todos os documentos para a agência e de lá eles enviaram para a embaixada. Depois de 1 mês na espera, e que espera angustiante por sinal, recebi a notícia que meu visto havia sido aprovado. Nunca conseguirei descrever o sentimento, eu chorava, sorria e gritava ao mesmo tempo. Nossa, eu ia viajar pra o Canadá, eu ia realizar o sonho da minha vida!


Para fazer o intercâmbio eu tive de pagar a escola de inglês e a estadia na casa de família, o que eles chamam de homestay. Assim que paguei, recebi uma carta com o endereço da família onde eu ficaria hospedada e o sobrenome deles, colombiano por sinal. Qualquer pessoa tem direito de escolher o perfil da família que você vai morar por um tempo. Eu escolhi uma que tivesse criança e não-fumante. Você não tem direito de escolher  a nacionalidade da família, por exemplo. Assim que descobri o endereço coloquei no Google Earth e vi mais ou menos onde ficava a casa e a distância da casa para a escola. Mas, não pense que fiz tudo isso sozinha, até porque é bem complicado e não saberia por onde começar. A agência de viagens Flytour de Aracaju foi que providenciou tudo isso. Eles já tem todas as informações necessárias.


Recebi o meu passaporte com o visto carimbado, já estava com passagem comprada, depois foi só despedida atrás de despedida! Essas fotos abaixo são das despedidas que tive na minha cidade natal, Lagarto - Sergipe.


                            Despedida no ônibus da faculdade
                            Ônibus personalizado
                Turma que fazia faculdade de Inglês comigo na época.
                     Minha linda família e o cachorrinho Snoopy
                  Minha grande amiga Verônica no aeroporto de Aju
          Meus amigos e alunos Moisés e Nailda no cursinho de inglês
             Turma de Inglês intermediário 2007 - OACI IDIOMAS
                       Meu ex-patrão e amigo Rusel Barroso